quarta-feira, 23 de junho de 2010

A paixão desdenha dos pré-requisitos.
Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MAS DEPOIS MUDOU DE MIM

Você só me fez mudar / Mas depois mudou de mim...


Should I give up, or should I just keep chasing pavements
even if it leads nowhere?
Or would it be a waste even if I knew my place
Should I leave it there?

Tua falta me rasga o peito. Dói. Mas dor pior é saber que você nunca se decidirá, e que seu medo é justamente a minha fortaleza. E é nessa fortaleza que me abrigo da crueldade do mundo, do egoísmo de pessoas egocêntricas, e onde me refugio quando só em teu peito faria morada. Minha alegria são os versos que nos dedicamos, mas minha tristeza é não vivê-los. O prazer vão das tentativas mal sucedidas não me tira o sono. O que me tira o sono é te ter ao alcance das mãos e não poder tocar. É ter a genuína vontade de te possuir, mas ser impotente. É saber... não, não – antes disso: é sentir o quanto nos queremos, nos desejamos e nos merecemos. É conquistar uma afinidade nunca antes imaginada com qualquer outra pessoa. É “te amar pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas”. Minha calmaria é ser tua tormenta, mas minha tormenta é não ser teu porto seguro. O que me machuca não são as flechas que atira para me prender em tua vida, mas a displicência com que acerta meus pontos fracos. A displicência com que acerta meus pontos fracos. Acerta meus pontos fracos. Meus pontos fracos. Você é o meu ponto fraco. Mas eu sou forte. Infinitamente forte.

sábado, 12 de junho de 2010

ESPERA

De Sophia de Mello Breyner
ESPERA

Dei-te a solidão do dia inteiro. 
Na praia deserta, brincando com a areia, 
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia 
A gritar o seu eterno insulto, 
Longamente esperei que o teu vulto 
Rompesse o nevoeiro.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CANSEI DE CHORAR FERIDAS QUE NÃO SE FECHAM, NÃO SE CURAM...

SINTO MUITO  =(


NA SUA ESTANTE
(Pitty)


Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

COMO UM TROFÉU, NO MEIO DA BUGIGANGA


MUTANTE
(Rita Lee e Roberto de Carvalho)

Juro que não vai doer
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante
Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra
Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

AMOR E ÓDIO

Onde aprender a odiar para não morrer de amor?

Clarice Lispector

VERMELHO CARMIM ESCARLATE

De Elisa Lucinda,
Safena


Sabe o que é um coração
amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.

Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pintos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões

Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
de amar de novo
Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate

O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.

terça-feira, 8 de junho de 2010

TEXTO PARA UMA SEPARAÇÃO

De Elisa Lucinda,
Texto para uma separação

Olhe aqui, olhos de azeviche
Vamos acertar as contas
porque é no dia de hoje
que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim
dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos
e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho
pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo
sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem
que você chamou
de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu:
essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
esse modo com que você me quis
esses ensaios de idas e voltas
essa esfregação
esse bob wilson erotizado
que a gente chamou de tesão.
Pronto. Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma. Quero ficar sozinha
eu co'a minha alma. Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CHICO BUARQUE


OUTRA NOITE
(Chico Buarque)

Outra noite
Outro sono
Como se eu sonhasse o sonho
De outro dono
Outro fumo, uma outra cinza
Outra manhã

Mordo a fruta
Outro é o sumo
Ando pela mesma casa
Com outro prumo
Outra sombra, outono
Chuva temporã

Será que já não vi
De modo impessoal
E em tempo diferente
Um dia estranhamente igual
Dias iguais
- Avareza de Deus
Passando indiferentes
Por estranhos olhos meus

Outros olhos
No teu rosto
Vou falar teu nome
E já teu nome é outro
Outra bruma
Sombra de outro sonho, alguém
Na manhã de junho
Outono, outubro, além

terça-feira, 1 de junho de 2010

A MÁGICA DO TEATRO MÁGICO



Realejo
Será que a sorte virá num realejo?
Trazendo o pão da manhã
A faca e o queijo
Ou talvez... um beijo teu
Que me empreste a alegria... que me faça juntar
Todo resto do dia... meu café, meu jantar
Meu mundo inteiro...
que é tão fácil de enxergar... E chegar
Nenhum medo que possa enfrentar
Nem segredo que possa contar
Enquanto é tão cedo
Tão cedo
Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim
Será que a noite virá num vilarejo?
vejo a ponte que levará o que desejo
admiro o que há de lindo e o que há de ser... você
Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim

"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem"

 
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