sexta-feira, 9 de abril de 2010

CAMÕES ME AJUDANDO


"Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.
.
É tudo quanto sinto, um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto..."
.
Luís Vaz de Camões.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

DRUMMOND ME AJUDANDO

Certa vez escrevi: "Não queira do verbo mais do que ele pode oferecer: ação. Queira da vida o riso inesperado, do pincel do artista o movimento, dos olhos o brilho e de um poema de Drummond a salvação." (aqui)... pois que hoje um poema de Drummond salvou meu dia, quiçá, até, meus últimos meses. Obrigada, mestre, daqui de onde estou pra onde você estiver.


AMAR
(Carlos Drummond de Andrade)

Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

terça-feira, 6 de abril de 2010

FEITO A MÃO

O melhor do namoro é quando acaba
É poder olhar com bons olhos aquela pessoa que você passou a odiar tanto.
O melhor do nó é desatar.
Bom é se entender.
Não que eu queira tudo pronto mas o silêncio é um alívio.
E a melhor coisa, do melhor dia da sua vida, é quando chega a hora de dormir.

PEDRO ROCHA

Quando todas as possibilidades se esgotam, quando todas as esperanças se esvaem, não há muito o que se fazer. O mais sábio talvez seja deixar as coisas como estão e aceitar, resignadamente, a própria falha. Pensar, nesse caso, em nada ajuda. O permitido será apenas sentir. Sentir e chorar, sorrir, abrir os olhos e o coração. Olhar tudo, cada mísera coisa, com os olhos virgens da criança que nada conhece, mas tudo enxerga. Reciclar abraços, plantar novos afetos, cultivar os antigos. E acreditar, piamente acreditar, que se pode amar e desamar indefinidamente, muitas vezes e de muitas maneiras. Amor não deve morrer. E se um dia morre, noutro renasce. E da fonte mais desacreditada: nossas próprias mãos.

O melhor do namoro é quando começa.

domingo, 4 de abril de 2010

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