No mar de incredulidade em que vivemos, muito em parte porque nos é difícil aceitar algumas situações ao qual teríamos que nos despir de nossos quereres e sentimentos, esconde-se em jarros brancos, de porcelana puríssima, a credulidade. Suas tampas, muitas vezes banhadas a ouro e muito requinte, são pesadas e tem o objetivo de proteger nossos olhos (e alma). A partir do momento em que se tem curiosidade (e consciência feita) de que levantar aquela tampa pode ser a ruína ou a glória de determinado momento de nossas vidas, nos enchemos de coragem genuína e nos tornamos fortes o suficiente para suportar qualquer coisa que dali de dentro saia. E então, lá estará ela, a credulidade. E tudo o que vemos nos é passível de crédito, uma vez que estamos vendo com nossos olhos e não apenas elucubrando a respeito de algo imaginado. E esse momento de descoberta às vezes nem chega a nos surpreender, pois muitas vezes o que se é pressentido em relação ao objeto que é passível de crédito ou descrédito, é a verdade em si, nua a crua. E então o que sentimos em relação aquilo permanece, pois os sentimentos são a essência que nos move em direção à curiosidade de querer saber mais, mas nos tornamos passíveis de aceitar ou não em nossas vidas o que pode nos ser prejudicial. A essa atitude eu daria o nome de amor-próprio, ou preservação. Mas algumas pessoas chamarão de egoísmo, ou fraqueza. O nome pouco importa, na verdade. O que conta, nesse caso, é sabermos exatamente o momento de parar, ou continuar, para que tudo o que tenha acontecido, ou estiver para acontecer, valha a pena de ser vivido. E às vezes vale. E às vezes não vale.
Ces't la vie.
2 comentários:
"Não há limites para a credulidade humana e está ainda por nascer o homem prudente que saiba venerar na desconfiança a suprema sabedoria."
-- Carlos Malheiro Dias
"(...)Atravessa esse verso
...a vontade nua
no dentro do dia...
no motor do dia(...)"
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