quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ESPERANDO POR DIAS AZUIS

Apenas me empreste seus olhos quando os meus não mais puderem enxergar o colorido dos dias.

E simplesmente me abrace quando eu estiver triste.

E calmamente me ouça quando eu quiser desabafar.

E cuidadosamente me mostre outros caminhos que eu ainda não tiver enxergado.

E então, curada de toda angústia, pintarei seus dias de azul. Com esmero e zelo. Carinho e cumplicidade. E descansarei na tua presença. E contemplaremos o silêncio.


SONETO DO DESMANTELO AZUL
(Carlos Pena Filho)

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

10 comentários:

Anônimo disse...

Como existe música boa no cenário mais "alternativo"...
Atenha-se a letra desta música, fazia tempo que não via algo tão criativo dentro da MPB.
Até mais.

http://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs

Posturas disse...

Essa anômina,acima, não sou eu...
rs...

Quanto a definir-me, não há possibilidade,
mas...(pensei...)
Minha "mais perfeita" tradução vai sendo concebida[inclusive por mim_ao me comunicar(tentar)com VC].
Gosto muitíssimo de seu estilo(dom).
..................................
"Eu não sei se vem de Deus do céu ficar azul. Veio dos olhos teus essa cor que me azulejou o dia".

Impressões.
Por vc me deixo marcar.
Vou deixar meu coração aberto pra vc. Aprecio a forma que vc exprime seus sentimentos e pensamentos.

Abraçoooo ternooo.
..................................

Ps. Fiquei mt interessada no texto "Imposturas" mencionado pela Leila.
Gostaria de lê-lo.
Grata.

Pattiê, disse...

"Anônima":

"Eu não tô nem aqui":

Ter carro do ano, TV a cores, pagar imposto, ter pistolão
Ter filho na escola, férias na Europa, conta bancária, comprar feijão
Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão...

De monitor de zoológico para empresário de telecomunicações, um "fenômeno empresarial" - ou burguês padrão, como preferir.

http://mosaicodelama.blogspot.com/2009/01/no-h-muito-foi-noticiado-o.html

Pattiê, disse...

Imposturas Intelectuais é um livro. Lili adora, pois assim pode tentar sacanear com a nossa cara, dizendo que o que falamos aqui é pura "embromation"... rsrs

Dá uma lida nesse link: http://disputatio.com/articles/006-6.pdf

Beijos

Leiloca disse...

Leila, lili.
Quanta intimidade.
Telefone da minha casa alguém quer?
rs

Anonima Jedi, sabemos sempre quem é vc e quem é a anônima dark Side.
pode deixar !

Beijos nas duas embromation girls.

Eleger disse...

"Imposturas Intelectuais"

Todo intelectual é um impostor...rs...
Principalmente consigo mesmo. Afinal, o que fez ele com as demais instâncias do ser? Suas vivências e convivências...
Emoção, sensibilidade, êxtase, celebração etc...

Ambiciono a plenitude do meu ser (e não ser).

Elegia
"Deixe que minha mão errante adentre atrás, na frente, em cima, embaixo, entre(...)Minha mina preciosa, meu império. Feliz de quem penetre o seu mistério."

Caetano
..................................

Polissemia das palavras e do próprio texto(contexto).

Tento compreender a fala analítica desses autores (psicanalistas-filósofos-linguistas), mesmo que não concorde integralmente e crie minha própria metáfora.

Ex.Lacan: Sujeito_Sujeito barrado pelo real_Sujeito do inconsciente etc...(Lacan foi um dos mais questionados na obra em pauta).

Concordo com uma observação que li sobre o livro "Imposturas":a zombaria supera o desejo de compreensão e cria uma cortina de fumaça para estes críticos. Mas não me aprofundei o bastante no texto(me cansou).

Grata pelo link.
De qualquer forma um bom proveito, para mim.

Abraço eterno.

Pattiê, disse...

Para as "Posturas"

Estou um pouco cansada, meu dia foi puxado, mas gostei do que escreveu. Acho que o barato, mesmo quando se escreve para si próprio, é saber que tem alguém do outro lado que se deixa levar pelos escritos. Se deixa marcar. E que mantém o coração aberto para a criação alheia, para o olhar alheio. Costumo fazer isso também, e com tudo o que leio. Nunca li a Bíblia, mas acho que mesmo lendo uma coisa que não me agrada, eu me manteria fiel a esse "estado de coração aberto".

também me deixo marcar pelo o que você escreve aqui, pra mim, tanto que os frutos estão surgindo... Quero pensar/sentir os poemas que você já rascunhou e que me despertaram atenção.

Quanto ao livro: não é o tipo de leitura que me chama atenção. Tenho exatamente essa impressão da "cortina de fumaça", e eu gosto de compreender o que leio, mesmo que seja um texto visando o desentendimento (acho que no fundo tudo tem uma explicação, mesmo o que vem para bagunçar).

Enfim... é isso.

Abraço apertado (e sempre solto).

Pattiê, disse...

Sabe... acabou de me ocorrer que eu nunca leria a bíblia. Então podemos desconsiderar esse meu exemplo ridículo... rsrs

O que queria dizer é que não sou o tipo que diz "não li e não gostei". Ou então "não vi e não gostei". Antes de emitir uma opinião, ou preferência, eu procuro conhecer do que se trata. Não preciso experimentar a fundo, claro, mas sempre terei idéia do que é a coisa em si.

Por exemplo: nunca fui comunista, nem quando tinha 15 anos (rsrs).. Mas tive amigos que foram, e que são até hoje, e através deles conheço do que se trata. Me mantive aberta para saber do que se trata, mas isso não quer dizer que eu vou ler "O Capital" só para me aprofundar. Até porque, nesse assunto, eu fico com Ortega y Gasset e a sua "Rebelião das Massas"... rsrs

Enfim, é isso.

Aquele abraço com um sol radiante na capital paulista!

Todos os cachorros são azuis (ensolarados e radiantes) disse...

“Não sei qual dos dois pesadelos é o pior: acordado ou dormindo”; “Acho que louco não tem tempo de pensar em sexo. Alguns são vistos parados e se bolinando. Mas isso ocorre mais nas ruas”; “Se havia um lugar como o hospício, era sinal de que Deus não existia” (referência nada indireta a Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado); “A última vez que fora amado, ela disse que não me amava. Tinha se apaixonado pela loucura que há em mim”; “O que é a solidão? É viver sem obsessões”; “No mundo de fora, procuro no obituário todo dia meu nome. Já decidi: não quero ir ao meu enterro”; “Não agüento fazer papel de vítima. Meu papel é o higiênico”; “Nunca comi merda. Não sou dado a rituais macabros de existência. Sou um louco light, versão diet”.

(Rodrigo de Souza Leão)

Ler é tb se deixar ler pela palavra, pela leitura.

Pior do que "não li (vi) e não gostei",
não leia (veja), não gostei...rs...


Onde se iniciam as rebeliões ?
Minhas tantas rebeliões particulares... rs

Depois falo (mais,rs) sobre as "bíblias", as "rebeliões" e as "massas"...rs...Tá? Isso se não acontecer uma nova viagem. O acaso...

Então..."DA CAPITAL", uma carioca, agora mais ensolarada e radiante, se deixa abraçar abraçando.

Pattiê, disse...

Não gostou do livro e não indica, é isso? Bom saber, então... Não sou adepta do "não vi (li) e não gostei", mas abro (raras) exceções e me deixo levar (não repare nessa minha inconstância - faz parte da minha natureza mutante). rsrs...

 
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