Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
Clarice Lispector
E eu, que durmo com o amor pendurado na cabeça. E nele penduro pessoas e situações e frases e um pouco de mim. E porque eu acordo com ele na cabeça, e inevitavelmente o vejo sempre acima de mim, será por isso que não tenho mais fé nisso, nisso que chamam descuidadamente de AMOR? E com todas as letras maiúsculas, ainda! Vai ver que é porque o coloquei acima de mim. Mas por outro lado seria muita pretensão da minha parte que eu o colocasse aos meus pés. “O Amor não existe para ser rebaixado: ou está acima, ou acaba virando objeto de decoração”. Parece que no meu caso não há cálculo matemático algum, e muito menos errado. Não somei as compreensões e nem as imcompreensões – eu “apenas” tentei interpretá-las. Então acho que de errado o que fiz foi a análise dele: interpretei as compreensões e as incompreensões, e achei que só por ter amado uma vez seria capaz de amar para sempre.
5 comentários:
Conversando_"Ainda sobre o amor"
O amor é o sentimento libertador. Falar em liberdade humana é falar em comunicação e encontro. O amor(amizade) é, portanto, a possibilidade da comunicação e do encontro. A construção de um encontro entre duas liberdades. Isso significa que o amor(amizade)visa o encontro entre DUAS PESSOAS, já que o centro da pessoa é a liberdade(escolhas). Não há liberdade sem abertura ao Outro, sem consentimento na existência do Outro como tal e enquanto tal(Consentimos o Outro que deverá, a princípio, tb nos consentir_caso não o faça, o recebemos, mas com reservas_com a devida consciência de que para esse Outro não somos. Consentir a exitência do Outro, não garantirá que esse Outro nos consinta). Os distúrbios emocionais podem ser conceituados em termos de limitaçõs ou distorções nessa abertura, implicando uma perda de disponibilidade com respeito ao Outro. Se minhas ansiedades básicas exigem de mim que faça do Outro um instrumento de meu esquema de segurança, já não posso aceitar o Outro como um fim em si mesmo(e nem a mim, isto é, em sua essência de ser-outro).Vou inventá-lo à imagem e semelhança de meus temores, torno-me o eixo de referência ao qual o Outro deve referir-se e submeter-se. O amor(amizade)sendo um longo exercício do convívio humano antiautoritário, é um chamamento à liberdade e à originalidade das pessoas, para que assumam a alegria de uma comunicação autêntica. Amor é surpresa, susto explêndido, descoberta do mundo. Amor é dom, demasia, presente. Dou-me ao Outro e, aberto a sua alteridade, por mediação dele, recebo dele o dom de mim, a graça de existir por ter me dado.Cuidando de observar como fui recebida, interpretada.
Para pessoas de muitos amores (muitos interesses) a vida se apresenta curta demais. O que fazer em cada precioso minuto dessa vida de tantos amores? Viver-essa difícil alegria. Viver é jogo, é risco. Quem joga pode ganhar e perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder tb faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego de rancor.Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existêncial(maturidade:perder, ganhar, nascer, morrer, sim e não etc...) viver se torna mais do que bom, se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo q nos constitui. Somos feitos de tempo e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto do seu ouro possa fulgir em nosso lábio(prosa, poesia). Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido.
Abraço.
que coisa boa de ler...
"Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido."
que assim seja!
obrigada pelas palavras, sempre.
Nem todos sabe falar de amor,
Não sei...
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
"A vida é a arte do encontro. Embora haja tanto desencontro pela vida."
VINICIUS DE MORAES
poucos mais bons, sempre. melhor do que a banalização do amor, que hoje para por efêmero uma vez que virou assinatura padrão de qualquer declaração.
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